quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sobre a interpretação dos sonhos parte I

Hoje resolvi escrever sobre interpretação dos sonhos. Meu intuito, na realidade, é escrever sobre a maneira como Jung compreende a arte de interpretar sonhos, todavia resolvi começar pela perspectiva Freudiana. O motivo é simples, a maneira que Freud compreende a interpretação dos sonhos é bem mais simples do que a de Jung. Além disso, Jung a princípio comungava de algumas das idéias de Freud. Além do aspecto relativo, Freud é mais simples que Jung, a compreensão dos sonhos de Freud é simples, ponto. Não é difícil compreender as linhas gerais do pensamento Freudiano a esse respeito, e o meu intuito aqui é justamente falar sobre isso de maneira clara e direta.

Para Freud o sonho é uma psicose de curta duração e que pode até mesmo ter um efeito benéfico. Além disso, o sonho é sempre uma realização alucinatória de um desejo recalcado, eu repito sempre. E o sonho uma vez mais sempre é o guardião do sono, em outras palavras, você sonha para continuar dormindo. É preciso ter em mente também que o sonho sempre se refere a sexualidade recalcada e é sempre regressivo. O sonho vai apontar coisas do seu passado, especialmente da sua infância e é sempre de conotação sexual. A técnica Freudiana é sempre de análise e regressiva, não há espaço para progresso, como já ouvi de mais de um psicanalista “não há psicossíntese”, o trabalho sempre é de desconstrução.

O sonho representa uma maneira de retorno do recalcado, por isso ele passa por um processo que o torna diferente daquilo que ele deveria realmente expressar. É muito simples: o que percebemos do sonho é seu conteúdo manifesto, que passou pelo processo de elaboração onírica que o deforma e o torna diferente dos pensamentos oníricos latentes. A elaboração deforma os pensamentos oníricos latentes tornando-os irreconhecíveis no conteúdo manifesto. Esse processo se dá através dos mecanismos da condensação (Verdichtung) e deslocamento (Verschiebung), há uma censura, algo que age independentemente da volição consciente, como um órgão de verificação que atua em nós com o intuito de evitar o desprazer, tornando o sonho o guardião do sono.

Invariavelmente o sonho é a realização de um desejo de maneira alucinatória para se livrar de uma perturbação do sono. Além disso, o sonho provém do inconsciente e aquilo que percebemos dele é uma fachada para os “pensamentos oníricos latentes”. Estão em jogo três mecanismos psíquicos no sonho: censura, deslocamento e condensação. Pronto, basicamente é isso, o que torna a interpretação onírica freudiana um tanto monótona e maçante, sempre uma realização de desejo inconsciente e sempre o guardião do sono, e sempre e sempre de novo relativo à sexualidade e ao passado.

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